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Laser da Shopee ou Laser Terapêutico?

Atualizado: 9 de set.

Descubra a diferença entre o Laser de R$9,90 do Laser que realmente trata na rotina clínica


LASER Shopee VS LASER Terapêutico
LASER Shopee VS LASER Terapêutico

Outro dia, conversando sobre os efeitos da fototerapia com um colega veterinário, ele me fez uma pergunta muito relevante: “Aquele laser baratinho da internet não faz o mesmo que o laser que vocês usam na terapia?”


E confesso: quando comecei a estudar fotobiomodulação, essa dúvida também passou pela minha cabeça.


A resposta curta é: não, não é a mesma coisa. A resposta boa precisa de contexto — e é isso que quero te mostrar aqui.

Por que não é tudo igual?


1) Comprimento de onda


Na fotobiomodulação, trabalhamos principalmente com vermelho (≈630–660 nm) e infravermelho próximo (≈780–940 nm), faixas que interagem com cromóforos celulares e conseguem atingir diferentes profundidades de tecido. Ponteiros baratos geralmente emitem apenas vermelho visível (e sem especificação confiável), o que limita a penetração — ainda mais em pele pigmentada e sob pelagem.


2) Potência e irradiância


Terapia exige densidade de potência (mW/cm²) suficiente para entregar dose em um tempo clínico razoável. Um ponteiro comum tem ≤5 mW e um feixe minúsculo e divergente. Isso resultaria dose baixa e tempo interminável para qualquer área útil.


Regrinha de bolso (sem sofrimento com a física)


  • Energia (J) = Potência (W) × Tempo (s)

  • Dose (J/cm²) = Energia (J) ÷ Área (cm²)


Exemplo prático: Quanto tempo levaria para uma caneta de 5 mW entregar apenas 4J em um único ponto? E uma de 100 mW ?


Resposta:


  • 5 mW = 13 min 20 seg

  • 100 mW = 8 segundos


👉 Isso é por 1 cm². Se a lesão tem 4 cm², a mesma dose (4 J/cm²) exigirá 4× mais tempo em cada equipamento.


3) Dose (energia por área)


Na prática clínica, falamos em J/cm² (CLASSE 4) ou J/ponto (Classe 3B). Sem controle de potência, área do feixe e tempo, você não dosa, você chuta. Dispositivos terapêuticos permitem ajustar e repetir protocolos com reprodutibilidade.


“Mas LED funciona?”


O que manda na fotobiomodulação é faixa espectral, dose e irradiância, não “misticismo do LASER”. Bons LEDs podem ser eficazes quando entregam os parâmetros corretos. A diferença é que equipamentos terapêuticos (sejam laser ou LED) são projetados para entregar dose com controle, uniformidade e segurança. O “laser de R$ 9,90” não.


Na rotina clínica: como isso muda o desfecho?


  • Feridas superficiais / dermatologia: vermelho costuma ir bem; dose típica baixa a moderada, sessões curtas e repetidas.


  • Tecido profundo / osteoarticular: infravermelho próximo é preferível; doses maiores, atenção a pelagem/pigmentação e ao acoplamento.


  • Pós-operatório e dor: protocolos ajustados ao tecido-alvo e ao tempo de evolução; consistência entre sessões é o que dá resultado.


Como explicar isso ao tutor em 20 segundos?


- “Com ponteiro comum, a luz não chega nem na dose nem na profundidade adequadas.”


Para levar: o essencial


  • Fotobiomodulação não é qualquer luz: é comprimento de onda + dose + irradiância + técnica.


  • Ponteiro barato não substitui dispositivo terapêutico.


  • Consistência de parâmetros = previsibilidade clínica.


Autoria:

M.V. Liangrid Nunes. B. Rodrigues

CRMV-SP 61.681

Graduada Medicina Veterinária no Centro Universitário de Jaguariúna (Unifaj); Voluntária no Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares (NEPI) da Unifaj em 2020. Bolsista na Clínica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Unieduk, de Jaguariúna 2020-2022. Aprimoramento em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais pelo Hospital Escola Veterinário de Americana (FAM) (2023 -2024). Assistente de pesquisa e desenvolvimento na Eccovet com foco em Biofotônica e Fotobiomodulação.

 
 
 

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