5 Fatos Surpreendentes Sobre a Névoa Ozonizada que Vão Mudar Sua Prática Veterinária
- Liangrid Nunes Barroso Rodrigues
- 2 de out.
- 5 min de leitura

A ozonioterapia vem ganhando cada vez mais espaço e reconhecimento na medicina veterinária, e não é para menos. Suas aplicações são vastas e os resultados, muitas vezes, impressionantes. No entanto, uma de suas modalidades mais inovadoras, a névoa ozonizada, guarda uma história e uma ciência muito mais surpreendentes do que a maioria dos profissionais imagina. Não se trata apenas de um "vapor" com ozônio, mas de uma tecnologia com origens inesperadas e diferenciais químicos que impactam diretamente os resultados clínicos.
Neste artigo, vamos revelar os cinco fatos mais impactantes e contraintuitivos sobre essa tecnologia, Prepare-se para ver a névoa ozonizada com outros olhos.
1. A Origem Inusitada: Dos Frigoríficos para a Medicina Veterinária
A tecnologia da névoa ozonizada nasceu na indústria de alimentos, mais especificamente em frigoríficos. A família de Vivaldo Maçon Filho, idealizador da tecnologia, trabalhava nesse setor, e sua empresa, a Myozone, produzia geradores de ozônio em gás para descontaminação industrial.
No entanto, eles enfrentavam dois grandes problemas:
1. O ozônio em gás, apesar de eficiente para eliminar microrganismos como a Salmonella, era tóxico e exigia a evacuação completa do ambiente durante a aplicação, o que impactava a produtividade e a segurança.
2. A água ozonizada foi uma alternativa para resolver a toxicidade, permitindo a presença de pessoas. Contudo, ela encharcava as superfícies. O problema mais grave era que, após a rápida dissipação do ozônio, a umidade residual criava um ambiente propício para a proliferação de novos microrganismos, gerando um risco de recontaminação.
💡A solução engenhosa, o verdadeiro "pulo do gato", foi a criação da névoa ozonizada. Ela conseguia descontaminar as superfícies de forma segura e eficaz, sem encharcar o ambiente. Essa inovação resolveu um grande problema industrial muito antes de sua aplicação na área da saúde ser sequer cogitada.

2. Eliminando o Vírus da Covid em 10 Segundos
A validação mais impactante da névoa ozonizada veio durante um dos momentos mais críticos da saúde global: a pandemia de COVID-19. O catalisador foi uma pergunta simples, mas poderosa. Em 2020, um grupo de estudos de ozonioterapia da Unicamp ligou para o inventor, Vivaldo, com uma questão direta: "Se a tecnologia pode eliminar Salmonella e E. coli por que não o vírus da Covid?".
Essa pergunta deu início a uma colaboração com a virologista e pesquisadora da Unicamp, Clarice Arns. Eles decidiram testar a eficácia da névoa contra o vírus. O resultado foi nada menos que extraordinário: a tecnologia foi capaz de eliminar o vírus em apenas 10 segundos de contato. Essa descoberta catapultou o uso da névoa ozonizada para a desinfecção em larga escala de espaços públicos. A tecnologia foi implementada em ônibus, túneis de descontaminação e até mesmo no parque Beto Carrero na reabertura pós-pandemia. Essa validação em um cenário de crise sanitária acelerou drasticamente a confiança e o interesse na aplicação da névoa na área da saúde, incluindo a veterinária.

Figura: Túnel de névoa ozonizada e barreira sanitária de névoa ozonizada do Beto Carreiro World Desenvolvido pela MyOzone
3. O 'Pulo do Gato' Químico: O Poder do Óxido Nítrico
Um dos diferenciais técnicos mais importantes do gerador de névoa da EccoVet é algo que não se vê: o que ele usa para gerar ozônio. Ao contrário de muitos equipamentos que necessitam de cilindros de oxigênio puro, este utiliza o ar ambiente.
O ar que respiramos é composto por aproximadamente 80% de nitrogênio. Dentro do gerador, o processo de descarga elétrica que cria o ozônio (O₃) a partir do oxigênio (O₂) também atua sobre o nitrogênio. Parte desse nitrogênio reage e forma óxido nítrico (NO), uma molécula conhecida por ser um potente vasodilatador.
Isso é crucial porque, ao promover a vasodilatação no local da aplicação, o óxido nítrico aumenta a oxigenação tecidual. Estudos não oficiais conduzidos na USP observaram que os resultados de cicatrização com geradores que usam ar ambiente foram muito superiores aos que usam oxigênio puro. A principal hipótese para essa diferença de eficácia é exatamente a presença benéfica do óxido nítrico, que acelera drasticamente a cicatrização de feridas.
4. Sua Eficácia Pode Cair 80% por um Simples Detalhe: A Água
Aqui está uma orientação que pode definir o sucesso ou o fracasso da sua terapia. O ozônio é o terceiro maior agente oxidante do mundo. Isso significa que ele reage vigorosamente com muitas substâncias, incluindo metais como ferro, alumínio, zinco e, principalmente, o cloro presente na água da torneira. Se a água utilizada no gerador contiver essas impurezas, o ozônio irá "se gastar" oxidando-as, em vez de formar as composições terapêuticas na névoa.
A importância disso é enfatizada de forma direta nos treinamentos: Se vocês não seguirem essas orientações, a questão da eficiência se reduz drasticamente. É uma queda de 80% na eficácia da névoa ozonizada em suas terapias.
Para garantir máxima eficácia, siga estas instruções:
• Padrão Ouro: Use sempre água destilada.
• Alternativa Aceitável: Água filtrada com carvão ativado, que é eficaz na remoção do cloro.
• Potencializador de Efeito: Utilize água gelada (entre 4°C e 10°C). O ozônio, como qualquer gás, se dissolve muito melhor em temperaturas baixas. A água gelada garante que mais ozônio permaneça dissolvido, potencializando o efeito terapêutico da névoa.
5. O Caso da Dermatopatia 'Impossível' Resolvida em Uma Semana

Para ilustrar o potencial clínico da névoa, um caso se destaca por desafiar as expectativas. Tratava-se de um paciente com uma dermatopatia não diagnosticada que havia passado por dois anos de tratamentos convencionais sem sucesso. O animal já havia consultado múltiplos veterinários, mas o quadro persistia.
Ao receber o caso, o Dr. Matheus Corsini decidiu aplicar um protocolo surpreendentemente simples, utilizando apenas a névoa ozonizada:
• Terapia: Apenas névoa ozonizada, sem nenhum outro medicamento.
• Frequência: 5 sessões em uma semana (uma por dia).
• Aplicação: 15 minutos de varredura por todo o corpo do animal.
O resultado foi impressionante. Imediatamente após a primeira sessão, já era visível uma redução significativa do eritema. Ao final das cinco sessões, uma semana depois, o quadro estava resolvido. A observação final do caso clínico resume perfeitamente seu impacto: "nunca saberemos o que que é... mas resolveu. O que tinha ficará a incógnita" Dr. Matheus Corsini.
Como vimos, a névoa ozonizada é muito mais do que aparenta. Sua jornada da indústria de alimentos para as clínicas, sua validação em uma crise global, a química inesperada que potencializa a cicatrização, a sensibilidade crucial à qualidade da água e os resultados clínicos que desafiam diagnósticos complexos mostram seu verdadeiro potencial. Ela não é apenas um "vapor", mas uma ferramenta terapêutica multiuso, com uma ciência fascinante por trás.
Autoria:
M.V. Liangrid Nunes. B. Rodrigues
CRMV-SP 61.681
Graduada Medicina Veterinária no Centro Universitário de Jaguariúna (Unifaj); Voluntária no Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares (NEPI) da Unifaj em 2020. Bolsista na Clínica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Unieduk, de Jaguariúna 2020-2022. Aprimoramento em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais pelo Hospital Escola Veterinário de Americana (FAM) (2023 -2024). Assistente de pesquisa e desenvolvimento na Eccovet com foco em Biofotônica e Fotobiomodulação.










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